Autismo - Uma Vida em Poucas Palavras

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sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Era uma vez uma escola inclusiva...

Meu filho completará 11 anos no dia 11 de outubro  e nossa batalha  e peregrinação  no mundo  do  autismo  já  é passível  de  um  livro  de  aventura.  Tentamos, até  hoje,  proporcionar as mais  diversas  experiências sociais  e  educativas que  estiveram  ao nosso  alcance, visando  acarretar benefícios  a ele. Conseguimos  êxito  na  mescla  de  atividades complementares  e de suporte,  como  a  natação,  a ginástica  olímpica,  a musicoterapia  e os atendimentos  especializados. Mas a verdadeira  inserção  na  escola  regular  ainda  é uma  questão que  me angustia e, inúmeras  vezes,  causa indignação. Sempre  assegurei meu ponto  de  vista,  de que  o  autista  com  prejuízo  intelectual  relevante é um desafio  para  o  sistema  educacional  vigente,  o que  resulta  na necessidade  de  um  excelente  canal  de  comunicação  entre família  e  escola, e implementação  de  alternativas  curriculares que  incluem  não só a  presença  de um assistente  individual para  o  aluno,  mas a participação  efetiva  do professor  em sala  de  aula,  buscando  integrar a criança  às  atividades  e ao resto da turma. Mas o que  ocorre, em muitas  situações,  é a  falsa inclusão. As escolas  particulares  tentam se "livrar do problema " dificultando  a aceitação  de novas matrículas de alunos  com diagnóstico de  transtorno  do desenvolvimento,  alegando  número  de  vagas  destinadas  à  inclusão   já  preenchidas. E as instituições  que, por ventura,  já  possuem  os alunos  "problema " em seu corpo discente,  na grande  maioria  das  vezes,  abrem somente  as portas para  a  presença  da criança  em sala  de  aula. Nós, famílias, dependemos  da sorte e boa  vontade  do professor  que  é responsável  pela  turma em que  nossos   filhos  se encontram. Ou seja,  há  anos  em que  o  professor  se engaja com o  assistente  da criança  com necessidade  especial  e cria estratégias  para  envolver  o  aluno  nas atividades  pedagógicas  e culturais,  aproximando - o dos demais  colegas. E há,  infelizes  anos, em que  a criança  se depara  com  um  professor  desinteressado  e sem nenhuma  iniciativa para  incluí -lo no grupo. Nestes casos,  a escola  funciona  como um  espaço  locado para  o  atendimento destas  crianças,  e toda  a  responsabilidade  de cuidado  e transmissão de  conteúdos  fica a cargo  do assistente.  A  aula  segue  o seu ritmo, com  a  exposição de  conteúdos  moldada  aos  métodos  convencionais,  e o aluno com deficiência  segue  sendo  o espectador deste  teatro. Pergunto, porque criar  uma  lei  de inclusão na escola  regular " enfiada goela  abaixo " dos gestores escolares, se na prática  o que  ocorre  são cobranças  indevidas  para  custear o auxiliar  pedagógico,  e o atendimento,  em sua maioria,  é superficial  e artificial. Sejamos todos  francos! Se a escola  não  está  apta  a aceitar uma  criança  com deficiência  intelectual,  que a encaminhe para  outra instituição de ensino.  Se o  caso  da criança  mostra - se severo  ou sua limitação  cognitiva  implica  baixo  aproveitamento  de conteúdos, ou ainda,  seu comportamento inviabiliza  o seguimento  da classe  em que  ela  está  inserida,  então , que  seja  sugerida à família  a opção da escola  especial. Mas, deixemos  o "faz de conta " restrito  às brincadeiras  infantis. Já  somos  obrigados  a enfrentar  imensos desafios  diários  com nossos  filhos  diferentes e não  merecemos ter que  agradecer  a mísera oportunidade  de  um espaço  físico  que  os acolham. Exigimos  mãos  que  façam, mentes que  criem e olhares que  guiem.                                                Silvia  Sperling  Canabarro