Autismo - Uma Vida em Poucas Palavras

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domingo, 13 de maio de 2018

Uma Maternidade Nua e Crua


Quando decidi ter filho acreditei na maternidade midiática, aquela apresentada através de lentes cor de rosa, uma visão romantizada. Imaginava um filho lindo e inteligente,  com seu olhar maroto e sedutor. Até aí as expectativas foram atendidas.
 Mas esperava também seu crescimento repleto de vivências positivas. O fascínio pela evolução na comunicação, desde as primeiras palavrinhas até nossas conversas mais complexas. A riqueza de suas interações sociais, desde os primeiros amiguinhos até sua primeira namorada. A comemoração de seus êxitos escolares e as reprimendas por sua preguiça rebelde típica da adolescência.
Esperava  por festas, jogos de futebol, redes sociais, moda, modismos, gírias e amadurecimento. Vislumbrando este cenário,  imaginava o reencontro com um tempo só meu. Meu trabalho, minhas horas de sono, meus momentos,  minhas vontades, minha vida. Nossa simbiose original daria lugar a duas novas vidas, para sempre entrelaçadas,  mas com caminhos distintos e particulares a seguir.
Porém,  meu filho não falou,  não teve amigos e não foi à festas. Não participa de redes sociais e não terá uma namorada. Nossa comunicação mobiliza nossas ferramentas intelectuais mais primitivas. E nossa vida será para sempre uma só, indivisível e incomparável.
Vivenciei milhares de noites mal dormidas, solidão, medo, angústia e sofrimento. Mas também aprendi a saborear momentos singelos como se fossem surreais. Comemorar pequenas vitórias como se fossem feitos olímpicos.  Apreciar lugares onde ninguém mais precisa estar ou saber. E enxergar beleza onde poucos podem perceber.
Assim pode ser a maternidade. Imprevisível e ácida,  mas nem por isso menos bela e saborosa.

                                                                              Silvia Sperling Canabarro



segunda-feira, 2 de abril de 2018

Compreender para respeitar

Dia 2 de abril é o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, e tomar conhecimento  sobre o que é esta doença e no que implica para a família conviver com um indivíduo autista e inseri-lo na sociedade, é de vital importância para que possamos ter pessoas mais tolerantes e ambientes mais acolhedores para todos nós. 
Infelizmente, a discriminação é um mal difícil de ser erradicado e temos que nos deparar rotineiramente com situações desagradáveis e desrespeitosas, além do banimento social velado. 
Muitas famílias optam pela vida reclusa com seus filhos autistas, pois os comportamentos bizarros deles provocam expressões de descontentamento e de perplexidade pelos demais, típicos da ignorância. Isso desmotiva a família de um autista a inseri-lo de uma maneira mais efetiva nas atividades diárias sociais.
Quando nós mães nos reunimos, trocamos centenas de experiências, que de tão trágicas chegam a ser cômicas. Nossa arma acaba sendo a sátira, pois nossa rotina é extremamente desgastante e ainda depararmo-nos com pessoas egoístas, neuróticas e até perversas, é uma rasteira em nossa autoestima e um desperdício muito grande de energia.
Vivemos sob pressão contínua, mas mesmo assim tentamos não perder a ternura, mesmo que a calma nos abandone em muitas situações. 
Não somos mães agraciadas pelo Divino, nem tampouco amaldiçoadas pelo destino, apenas mães que convivem com a inexorável realidade da vida. Portanto, não é muito pedir que os olhares se tornem mais apaziguadores e menos inquisidores, que os gestos se tornem mais fraternos e menos repulsivos e que, finalmente, as palavras se tornem mais encorajadoras e menos depreciativas. 
Pedimos que este dia sirva para que de fato as pessoas reflitam sobre seus atos e que da próxima vez que se depararem com um indivíduo de comportamento atípico, não pré-julguem ou rotulem, simplesmente o aceite.