Autismo - Uma Vida em Poucas Palavras

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segunda-feira, 20 de junho de 2011

O menino sem idade

Olho seu rosto diariamente. Seus olhos cheios de vida, seu sorriso inocente, suas belas e delicadas feições juntamente com seu comportamento pueril, me fazem esquecer o passar dos anos. Penso no tempo quando me sinto cansada e me olho no espelho, ou quando vejo seus antigos colegas cursando a segunda série e me recordo que ele ainda está na educação infantil. No ócio as horas se arrastam com seus rituais cíclicos, do perambular pelos dormitórios ao bater em objetos ou girá-los, o acender e apagar de luzes, o pular, sentar e levantar. Não posso ser injusta ignorando o desabrochar da maturidade de meu filho, sua companhia interessada nas nossas atividades familiares e a descoberta do prazer de estar junto, seu esforço em se fazer entender e compreender nossas intenções. Mas todas aquisições vêm devagarinho, na contramão da rapidez que vejo lá fora, do outro lado de minha janela. Acho que é por isso que cultuo minha casa como um templo, onde o ritmo que impera é o dele. Seus horários de acordar, almoçar, jantar e dormir, e até mesmo o respeito à suas noites em claro, onde tento buscar o silêncio como aliado a meus sonhos de passado e de futuro. O presente, quase sempre, quero esquecer.
O tempo não é mais meu, é dele. A idade sim, é minha. Nossos anos se somam, pois empresto minha vida à ele. Parece trágico mas não precisa ser, construo um caminho diferente, invento outro modo de ver e outro relógio para nos guiar. Este é o nosso tempo, esta é a nossa vida.

Silvia Sperling

3 comentários:

  1. Silvia, parabéns pelo lindo relato. Cada vez que leio seu blog sinto um próprio desabafo através das suas palavras. Tento seguir seus exemplos, acho que é bom espelharmos em pessoas que passam pelas mesmas situações e sentimentos...
    Que DEUS abençoe você, essa mãe corajosa e ao Otávio, esse anjinho lindo.

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  2. Sem palavras, Silvia... este teu post me deixou assim... sem palavras. É como se entrasse dentro de mim e retirasse de lá palavras como estas.

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  3. Que bom poder desabafar e compartilhar emoções. Cada vez mais vejo que somente nós, mães de crianças especiais , compreendemos realmente a importância de um tempo só nosso. Trabalhar, passear, dormir e sonhar... Bjos, Silvia.

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