Autismo - Uma Vida em Poucas Palavras

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domingo, 5 de maio de 2013

Um Aprendizado Inesperado

 Aprendi com meu filho que gosto muito do silêncio. Silêncio para pensar, me escutar e entender.

 Preciso pensar no porquê a vida é tão sinuosa e intrigante. Por que tantas pessoas são    barulhentas e espaçosas. Por que necessito tanto de futilidades para aliviar o peso da realidade.

 Preciso me escutar para não me perder no emaranhado das tarefas rotineiras, no atordoamento em meio à gritos e gemidos, e na avalanche de teorias, terapias, opiniões e notícias.

 Preciso desesperadamente entender esta doença tão misteriosa que é o autismo, sem interpretações divinas ou transcendentais. Simplesmente compreender a melhor forma de conduzir minha vida e a de Otávio, respeitando nossos desejos e limitações.

 A quietude é inspiradora e fonte de energia que repara e reconstrói. Me faz enxergar a mediocridade e refazer caminhos. A solidão já não me assusta e sim me atrai e me encanta, com sua riqueza de detalhes e com o alvoroço de sentimentos que gera.

 Aprendi com meu filho esta maternidade especial, assim como ele. Uma maternidade diferente da idealizada em comerciais e capas de revistas. Distante das comemorações, sorrisos e aplausos. Das conversas efusivas em corredores de escolas. Da glamurização do primeiro passo, da primeira palavra, do primeiro desenho.

Aprendi a valorizar minha vontade, meu jeito de ser e a capacidade gigante de sonhar.              Aprendi a não ter vergonha de amar e de odiar, de rir e de me desesperar. Estar perto ou me afastar.

 Adquiri um olhar divergente, questionador e inquietante, frente ao outro, a mim e à vida. Pois, se meu filho é diferente, logo, eu tenho que me modificar. Mudar de planos, nossa casa, o ensino a rotina, o roteiro...Escrever uma história que valha a pena, onde há drama, comédia, ação, aventura. Uma trama complexa, longa, que não agrada à todos, mas somente a quem estiver disposto a encontrar um sentido mais profundo do que o presente em enredos corriqueiros e novelescos.

 Seguirei aprendendo a como dirigir nossa vida e reconhecendo quem merece partilhá-la. Serão poucos, mas fiéis, otimistas, silenciosos e abnegados. De qualquer forma, eu estarei sempre aqui, sendo a força, o amparo, a bravura, a doçura, a loucura. Sendo para sempre sua mãe.

  Silvia Sperling.

5 comentários:

  1. Todas as mães deveriam buscar esse sentido mais profundo, Silvia. Assim deixariam suas poses de mãe de comercial de margarina para se tornarem mãe com essência...
    Isso também tem nos ensinado a mãe do Jacob Barnet, indicado ao Nobel de Física aos 14 anos. Não que todas as crianças autistas que recebam esse olhar especial de sua mãe se tornem um gênio. Mas somente esse olhar pode trazer valor afetivo a todos os esforços técnicos que a criança acaba inserida. Ali começam a surgir os ensinamentos que essas crianças nos trazem, o que pode ser resumido no tema de uma das palestras do próprio Jacob: “A importãncia de parar de aprender e começar a pensar”
    Um abraço!

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  2. Nossa to sem palavras para dizer o quanto amei seu blog, você e seu filho são lindoooosss..
    tenho um irmão autista e ele tem 13 anos e eu 18..
    atualmente ajudo minha mae a cuida dele e agora no meu do ano começo a faculdade de psicologia para ajudar outras crianças especiais também :)
    entra no meu blog e deixa lá um comentario vou adorar te ter por perto :)
    se precisar de algo e eu puder ajudar pode contar comigo bjinhuuus
    http://apurezadoautista.blogspot.com.br/

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  3. Oi Suellen,
    Vou entrar no teu blog com certeza. Que bonita esta tua ligação com teu irmão, pois a priximidade de parentesco não quer dizer muita coisa, mas o sentimento de afeto e responsabilidade é inerente a algumas pessoas especiai. O Otávio também tem um irmão por parte de pai, que é incrível. Um cuidador nato.
    Um beijo grande, com carinho, Silvia.

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  4. Beijos pra vcs também.. amei o blog... :) e obrigadaa tenho muiiito carinho pelo meu irmão mesmo, ele é uma bençao na minha vida bjinhus

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  5. Emocionante as suas palavras e o sentimento expressado por elas. Acredito que temos uma missão nesta vida, algumas mais fáceis outras mais difíceis ...mas todas com o propósito de melhorarmos como seres humanos. Vejo que o Otávio tem uma mãe maravilhosa que o ama profundamente. Maternidade é assim mesmo, independente de nosso filhos serem "especiais" ou não, é uma montanha russa...um dia comercial de margarina e outros bem turbulentos. Desejo tudo de melhor para vc e seu anjo.

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